Dica de Saúde: o desconfinamento em Portugal

Desde o dia 1º de Julho o Governo português decretou uma subdivisão de três níveis em Portugal continental face à pandemia de covid-19: a região da Covilhã está em situação de Alerta, o nível mais baixo nessa classificação. Área Metropolitana de Lisboa (AML) está em situação de contingência (nível intermediário) e 19 freguesias de cinco municípios da AML mantêm o estado de calamidade.

O plano de desconfinamento decretado é progressivo e gradual, uma vez que risco de contágio é ainda uma realidade, como temos verificado, e, por isso, existe um programa feito para se reabrirem os serviços em segurança para todos os cidadãos. Para garantir as condições de desconfinamento foi necessário garantir disponibilidade no mercado de máscaras e gel desinfetante, higienização regular dos espaços e lotação máxima reduzida.

Neste sentido, durante o desconfinamento é obrigatório o uso de máscaras nos transportes públicos, escolas, comércio e outros locais fechados com múltiplas pessoas; o distanciamento físico de pelo menos 2 metros; a higiene das mãos e a etiqueta respiratória. É ainda dever cívico o confinamento obrigatório para pessoas doentes com COVID-19 e em vigilância ativa; o recolhimento domiciliário e existe ainda a proibição de eventos ou aglomerações com mais de 20 pessoas (exceto funerais, onde podem estar presentes os familiares  e cerimônias religiosas, seguindo orientações da DGS).  

Mitos sobre a pandemia

Uso máscara durante o exercício físico.

Segundo a Organização Mundial de Saúde as pessoas NÃO devem usar máscaras durante a prática de exercício físico, uma vez que estas podem reduzir a capacidade de respirar eficientemente. O suor pode molhar a máscara mais rapidamente, dificultando a respiração e promovendo o crescimento de microrganismos.

A medida de segurança mais importante durante o exercício é manter a distância física das outras pessoas.

Os sapatos podem espalhar a COVID-19.

A probabilidade de a COVID-19 ser espalhada por sapatos e infectar indivíduos é muito baixa. Contudo, como medida de precaução, especialmente em casas onde residem bebês e crianças pequenas que rastejam ou brincam no chão, deixar seus sapatos na entrada de casa pode ser uma medida importante a se considerar.

Antibióticos curam a COVID-19.

A doença do coronavírus (COVID-19) é causada por um vírus, não por bactérias e os antibióticos não funcionam contra os vírus.

Beber álcool ou gel desinfetante protegem do vírus.

            Beber álcool ou gel desinfetante não são uma medida de prevenção recomendada e aumenta o risco de outros problemas de saúde.

O vírus é espalhado por redes móveis 5G.

Os vírus não podem viajar através de ondas rádio ou redes móveis. A COVID-19 é transmitida através de gotículas respiratórias quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala. As pessoas também podem ser infectadas ao tocar em superfícies contaminadas e depois nos olhos, boca ou nariz.

Exposição a temperaturas superiores a 25ºC previne doença.

Existem países com climas quentes onde as temperaturas são superiores a 25ºC com casos registados de COVID-19. Desta forma, não existe qualquer prova científica que suporte a ideia de que a exposição solar previne a doença. É importante ainda referir que a exposição solar pode provocar lesões na pele e é precursora de cancro da pele. O uso de proteção solar é imprescindível para a preservação da saúde.

Ainda não há tratamento medicamentoso

Apesar dos esforços de todos os investigadores e profissionais de saúde ainda não existe nenhum medicamento ou vacina já aprovada para produção em grande escala e específica para a COVID-19.

No entanto, existem alguns medicamentos que estavam previamente no mercado que têm sido utilizados empiricamente para os casos mais graves de COVID-19. Foi o exemplo da cloroquina e hidroxicloroquina, ambas indicadas na prevenção e tratamento da malária e de doenças autoimunes. Contudo, após um estudo com mais de noventa mil doentes com COVID-19, publicado pela revista The Lancet, em 22 de maio de 2020, a Direção-Geral da Saúde de Portugal e o INFARMED em linha com a decisão da OMS decidiram recomendar a suspensão do tratamento com hidroxicloroquina em doentes com COVID-19.

Outro caso é o da dexametasona, que tem revelado ter efeitos positivos na redução da mortalidade provocada pela infeção. Todavia, o presidente do Conselho Diretivo do INFARMED, Rui Santos Ivo, pediu cautela na interpretação dos resultados do estudo e ressalvou que “não estamos a falar de um antirretroviral, de um medicamento que se dirige especificamente à infeção por COVID” e que “devemos aguardar pela análise que for feita sobre eles”.

Em Portugal, para os casos mais graves, é utilizado um outro medicamento, – Remdesvir – que é, até ao momento, o único antiviral contra a COVID-19 aprovado pela Agencia Europeia do Medicamento (EMA). O preço estabelecido pela empresa farmacêutica que o produz foi fixado para que todos os países possam ter acesso ao medicamento nas mesmas condições. Cada frasco do antiviral custa 347 euros, sendo que o tratamento de cinco dias implica a utilização de seis frascos, o que representa um custo total de 2082 euros por doente.

A Direção Geral da Saúde informou, em conferência de imprensa dia 26 de Junho, que os hospitais do Sistema Nacional de Saúde (SNS) ativaram o programa de acesso precoce e têm usado o Remdesivir para os casos mais graves da doença. A ministra da saúde, na mesma conferência, referiu ainda que ainda se aguarda pela autorização da Comissão Europeia para a utilização deste antiviral nos restantes casos.

A melhor maneira de se proteger contra o novo coronavírus segue sendo manter pelo menos 1 metro de distância dos outros e lavar as mãos com frequência e profundidade. Também é benéfico para sua saúde geral manter uma dieta equilibrada, manter-se bem hidratado, fazer exercício regularmente e dormir bem.

A Dica de Saúde é uma publicação mensal do Blog Brasileiros na Covilhã produzida pelos profissionais de saúde da Farmácia da Mutualista Covilhanense.

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1 Comentário

  1. Dicas necessárias! Aqui do Brasil vamos acompanhando o progresso de Portugal quanto o enfrentamento a COVID-19 e percebendo, ainda mais, a importância do comprometimento individual com olhar para o social! Vamos vencer!

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