8 perguntas ao Brasileiros na Covilhã para saber como é estudar em Portugal

Tâmela e Fábio na Serra da Estrela.
Nossas postagens aqui no blog têm ocorrido de maneira objetiva. Tentamos ajudar quem deseja morar e estudar na Covilhã sem dar nossa opinião pessoal, até hoje. Baseamos nosso trabalho em experiências que vivemos e em dicas de brasileiros e portugueses que moram na cidade. No entanto, muitas pessoas nos pedem nossas impressões pessoais da cidade, como é nosso dia a dia e nos questionam sobre dificuldades de adaptação.
Por esse motivo o post de hoje será diferente. Reunimos oito perguntas frequentes de nossos leitores sobre como é morar e estudar em Portugal e vamos as responder de maneira individual e pessoal. Esperamos que gostem 😉


1) Quais foram as primeiras dificuldades enfrentadas para estudar fora do país?
Fábio Giacomelli: A documentação para o visto foi a primeira de todas. São muitos documentos e, nesse momento, atenção é crucial. Principalmente porquê o Consulado mais próximo ficava a 600km da nossa casa. E a primeira dificuldade, para mim, sem dúvida foi ter a certeza de que vindo pra cá abriria mão das próximas datas festivas com a família. Com menos de dois meses em Portugal teve Natal e Ano Novo e essa foi a parte mais difícil.
Tâmela Grafolin: Como o Fábio e eu viemos juntos para Portugal eu não enfrentei muitas dificuldades. Claro que houve aquela correria “básica” para reunirmos todos os documentos necessários para fazer o passaporte, depois para fazer a inscrição da universidade e por último para conseguir o visto. No entanto, o Fábio foi o “cara” nesse quesito, já que eu me considero um pouco desorganizada. Talvez uma outra dificuldade tenha sido a de fazer as malas, para as mulheres acredito que seja mais complicado porque costumamos ter vários modelos de roupa e sapato, maquiagem, cremes, etc. Sem conhecer de fato o clima da cidade fica ainda mais complicado. Se servir de dica o clima na Covilhã é: muito quente no verão e muito frio no inverno. O que ajuda é que as roupas aqui são baratas e o material das roupas de inverno daqui aparenta ser mais quente que o das brasileiras, já que devem ser adaptados para o clima serrano.
2) Qual foi a primeira impressão que tiveram da Covilhã?
Fábio: Desembarcamos em Lisboa às 7:40 e às 8:24 entramos no trem para Covilhã. 24 horas antes estávamos em casa. Foi uma viagem direta e cansativa. Mas a primeira impressão que tive da cidade foi de organização, limpeza e de muitas, mas muitas subidas e descidas. Só no caminho Estação-Residência, feito de Taxi, parecia que estávamos subindo a Serra, já. 
Tâmela: Chegamos aqui no inverno então chovia todos os dias. Pelo menos nos 10 primeiros dias choveu sem parar. Tive a sensação de que a cidade seria um pouco depressiva por causa disso. Depois da chuva, o frio. Parecia que não era possível viver sem cinco camadas de roupa (sou friorenta, então não levem isso ao pé da letra). Mas conforme o inverno vai acabando, surgem os dias com mais tempo de sol, aí a cidade fica deslumbrante! Minha primeira impressão da Covilhã, de forma resumida, foi cidade fria, chuvosa e com uma quantidade inimaginável de subidas e descidas, mas tudo é uma questão de costume. Parece clichê, mas é verdade.


3) Como foram os primeiros dias na cidade?
Fábio: Choveu por 9 dias seguidos e no décimo fez sol. Pode ser engraçado, mas foi assim que enfrentamos nossos primeiros dias na cidade. Andamos muito. Fizemos os caminhos mais longos para ir até o Mercado e até as Finanças. Mas descobrimos coisas legais como os pedidos online da TelePizza para o domingo e que o piri-piri é um tempero que não combina conosco.

Tâmela: Sinceramente? A primeira semana foi a pior. Tudo parecia muito diferente do que eu estava habituada. Chovia muito, caminhar pela cidade era muito cansativo por eu não estar acostumada com subidas e descidas (vivia em São Borja, nos Pampas gaúchos que são planos) e também por ela estar muito acima do nível do mar eu ficava sem fôlego muito rápido. A saudade da família parece ser maior quando a gente chega, a mudança na culinária (sai o arroz com feijão e entra o arroz de polvo), enfim… Aquela velha questão de mudança de hábito e ambiente. Nada grave. Tudo se acostuma.
4) O que mais estranharam na cidade ou no país?
Fábio: A programação da TV. Em feriados, a TV aberta emenda filmes e séries com novelas. No dia do Natal, fizeram uma programação especial e até vídeos do Youtube uma emissora usou.
Tâmela: A comida. Com certeza. Portugal valoriza muito o que vem do mar, a culinária é baseada em frutos do mar, no meu caso isso é ruim porque eu ainda não consigo gostar de nada que “nade”. Pois é, sou assim um pouco chata para essas coisas. Além disso, a carne de vaca produzida na Europa me parece diferente da produzida no Brasil. Ainda mais para uma gaúcha. E também é um dos tipos de carne mais caros. O consumo aqui fica entre o peixe (e demais frutos do mar) e o porco. Não esqueço de um passeio que Fábio e eu fizemos, logo na primeira semana em Covilhã, em que entramos em um café e perguntamos do que era feito um pastel que estava no balcão, ao que o atendente respondeu: “- Porco. Temos pastel de porco e de fiambre e queijo.” Minha reação foi de tal espanto ao imaginar um porco em um pastel que o atendente teve de rir.
5) Quais as diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal?
Fábio: Muitas. E ainda tem a diferença que o portugueses falam mais rápido o que acaba causando uma dificuldade ainda maior na compreensão. Mas assim como a altitude, é questão de costume. Em pouco tempo todas as expressões viram bem compreensíveis. Quanto a escrita, a UBI é muito importante no processo. Pois em nenhum momento pediu que brasileiros escrevessem como portugueses. Fato esse que dá uma liberdade maior para a composição dos trabalhos acadêmicos.
Tâmela: Algumas muitas.(haha) Aqui o ônibus vira autocarro, o trêm vira comboio, a menina (ou moça) vira rapariga, o jovem rapaz vira puto. Sim, aqui puto não é palavrão, refere-se apenas a um jovem rapaz. Cu também não é palavrão, assim como a bunda é rabo. Aqui você pode ter dor no rabo sem problema. As gírias também são diferentes, enquanto dizemos que algo é “legal”, “massa” ou, como dizemos lá no sul, “tri”, aqui essa mesma coisa é “giro”, “fixe” ou “porreiro”. Enquanto no Brasil usamos o você, aqui se utiliza mais o “tu”. O uso do “você” ocorre em situações mais formais. E as diferenças não acabam aqui, mas se entende e se adapta.
6) Como você achava que era estudar em Portugal e como realmente é? 
Fábio: Conhecia dois pesquisadores relacionados a área do jornalismo. Ao chegar aqui e me deparar com muitos brasileiros doutorandos e outros tantos pesquisadores na área, aumentou a minha vontade em aprender com esses professores. O que parecia algo inimaginável, é muito real. E o ingresso na Universidade é facilitado, os professores são parceiros e as pesquisas e trabalhos fluem de forma natural. E a integração Brasil-Portugal com troca de pesquisadores, mostra que os dois países caminham junto em qualidade de ensino e que professores de ambos os países colaboram ativamente nas pesquisas do outro lado do oceano.
Tâmela: Eu acreditava que era muito complicado estudar em um país europeu. Talvez tenha sido o complexo de “vira-lata” que os brasileiros costumam ter. Eu achava que estaria muito atrasada em relação ao ensino português, mas quando cheguei aqui percebi que o Brasil, na área da comunicação, não está atrasado em relação a nenhum outro país. Temos excelentes pesquisadores e professores nas universidade brasileiras que, inclusive, dão aula em universidades portuguesas. Além disso, os professores portugueses gostam bastante do ritmo de trabalho de estudantes brasileiros, aquele ditado de “brasileiro deixa tudo pra cima da hora” poderia incluir muitos outros países. Não é só coisa de brasileiro não. Em alguns casos nem é algo que descreve o brasileiro.
7) O que surpreendeu positivamente na Covilhã?
Fábio: A relação tamanho da cidade com o que a mesma oferece. Covilhã é uma cidade pequena, mas que conta com uma universidade super-equipada, shopping, cinema, teatro e parques. E sem dúvida, o maior ponto de destaque é a segurança. Poder caminhar pelas ruas a hora que bem entender sem qualquer perigo de ser assaltado é um fator extremamente positivo.
Tâmela: A segurança e o desenvolvimento da cidade. Praticamente não há crimes, mas não é algo de todo o país. Grandes centros como Lisboa e Porto costumam ter assaltos quando há conglomerados de pessoas. Covilhã não é um cidade grande, possui cerca de 60 mil habitantes, mas possui muitos atrativos como shopping center, cinema, teatro, festivais, piscinas públicas, prais de água doce lindas.
8) Quais são as dificuldade enfrentadas agora?
Fábio: Não acho que passe por dificuldade. O tempo é o melhor remédio. Ele ensina a conviver com a disparidade do Real x Euro e a fazer as coisas com extremo controle e cálculo. Se você vem com aspirações de fazer grandes viagens pela proximidade com a Espanha e outros países, deixo o alerta que tudo é possível, mas que o planejamento é a melhor forma de fazer isso. Num mês você compra o Euro a 3,20. No outro a 3,80. São centavos que fazem uma diferença gigantesca na somatória mensal. Por isso, planejar sempre, é a dica para que não se enfrente dificuldades.
Tâmela: Dinheiro. Você que está chegando em Portugal para ficar muito tempo, cuidado! A maioria dos estudantes acha que tem muito dinheiro nos dois primeiros meses, que tudo é muito barato e etc. No entanto, já no terceiro mês com o euro mais valorizado perante o real é que se começa a perceber que as coisas não são tão baratas. A minha dificuldade atual é administrar o que tenho por mês. Pagar aluguel, as mensalidades da universidade e ainda comida e lavanderia. São quatro itens, mas que envolvem cerca de 500 euros por mês.
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10 Comentários

  1. Oi. Gostaria de saber se tens sugestões ou informações sobre cursos de aperfeiçoamento na área de educação física para o mês de janeiro de 2019. Nao precisa necessariame te ser em Covilhã.

  2. Olá Larissa! Recomendo que você encaminhe essa dúvida diretamente para a UBI, que eles podem te responder com certeza, evitando falsas informações: vrensino@ubi.pt – Ressalto que estão todos em férias, agora, até 24 de Agosto.

  3. Ola, adorei o blog!
    Eu quero muito estudar na UBI, mas tenho uma grande dúvida. Como eu faço um curso tecnólogo em design de moda, gostaria de saber se minha inscrição deverá ser licenciatura de moda ou já posso fazer um mestrado?

    Muito obrigada.

  4. Mas, respondendo as perguntas:

    1) Não há bolsas para estudantes brasileiros. Existe chance de concorrer bolsas do governo português depois de fazer um cartão de igualdade, que demora cerca de 6 meses para ficar pronto

    2) Chegar na Covilhã é fácil. Pega-se o trem em Lisboa e desce na última parada, que é Covilhã. Tem no blog essas informações na parte "Dicas do Blog" – Como chegar a Covilhã

    3) Com essas notas ela consegue sim uma vaga aqui na UBI

    4) Os alojamentos da Universidade são de responsabilidade dos Serviços de Ação Social, como ela vem do Brasil, é bem possível que consiga, sim, uma vaga.

    5) Todos os professores e direção da UBI é muito cuidadosa com os seus alunos em geral. Em nosso caso, fomos muito bem recebidos e tivemos todas as nossas dúvidas sanadas.

    6) Para enviar dinheiro, o mais fácil é ela ter acesso a essa sua conta do santander, você deposita nela mesmo (conta do Brasil) e ela consegue sacar aqui, nos terminais multibanco. Vai pagar a cotação diária do Euro + IOF

    7) Primeiro passo é a candidatura na UBI. Fazendo a inscrição e tendo uma comprovação de vaga, tem que começar a ir atrás do Visto de Residência, em um consulado de Portugal. Recomendo o site do Consulado Geral de São Paulo, que tem bastante informação sobre isso.

    + Também nas dicas do blog e em outras postagens, você encontra mais informações sobre a vinda, custo de vida e tal. Qualquer dúvida, retorne o contato.

  5. Olá, parabéns pela iniciativa do blog.
    Tenho algumas duvidas, pois tenho encontrado dificuldades em acessar alguns estudantes brasileiro na UBI.

    Minha filha tem 16 anos, se forma este ano ensino medio integrado a informática ETEC (ETIM) Instituto Paula Souza. Ele deseja estudar na UBI, porém tenho encontrado realmente muitas dificuldades em obter informações com nossos conterrâneos que se encontram por lá, dispostos a nos ajudar com informações.

    Será que posso contar com vocês, que parecem bem dispostos?

    1- Há possibilidades de solicitar bolsa de estudo para brasileiros ingressarem na UBI? Se sim quando abre inscrições e os quesitos burocráticos.
    2- No caso ela iria ser levada pelo avô, pois ela terá apenas 17 anos ainda, meu pai tem medo por ela, é possivel ela chegar sozinha em Covilhã? o acesso é facil, caso ela vá sozinha? Ou realmente é necessário a ajuda de um adulto?
    3- Ela deseja muito ingressar na UBI, haja vista que ela tem boletins ínpares, já fez 2 ENEM´s como treinanda, e se superou na pontuação, 860 no ultimo 2014.
    4- É fácil encontrar acesso aos alojamentos dentro da UBI?
    5- Tem suporte apra estudantes estrangeiros?
    6- Como funciona enviar dinheiro, no caso sou correntista Santander.
    7- Primeiro passo para dar inicios aos trabalhos de corre-corre para isto se realizar na vida dela. (Preciso da ponta da corda)

    Existe algum meio de acesso direto com vocês, que ela poderia pedir informações?

    Obrigada

    Paula(mãe)

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